Resenha Literária: O Filho de Mil Homens

No dia 10/12/2020, nosso grupo entrou em recesso e tínhamos a previsão de voltar com nossas reuniões em 13/01/2021. Para esse período foi passada a leitura do livro "O filho de Mil homens", de Valter Hugo Mãe, e em seguida a criação de uma resenha em vídeo. Nesse post irei disponibilizar minha resenha escrita e em seguida, em outra postagem, irei publicar o link do meu vídeo. Espero que vocês gostem!





O autor Valter Hugo Mãe, em “O filho de mil homens”, divide o livro em 20 capítulos e narra diversas histórias que se cruzam e giram em torno do personagem principal, Crisóstomo. Ele é um homem de 40 anos que sempre desejou ser pai, mas, por seus antigos romances não terem dado certo, ainda não tinha conseguido realizar essa vontade. No entanto, por ser um sentimento que sempre esteve presente, passou a procurar um filho perdido, na própria vila em que morava, para que pudesse cuidar e repassar seus ensinamentos. Até que encontrou o Camilo, órfão, e que recentemente tinha perdido seu avô de criação. Camilo é filho de uma Anã, que sempre viveu sob os olhares penosos das pessoas e era aquela que ouvia as lamúrias das mulheres, já que elas consideravam que a pequena mulher tinha uma vida pior que a delas. O autor também nos apresenta a personagem Isaura, chamada de mulher enjeitada, que estava prometida a um rapaz e acabou se entregando antes do casamento, gerando uma vergonha para a família. Acontecendo, em seguida, situações totalmente invasivas para uma mulher, com o único e tolo objetivo de saber se de fato ela tinha se entregado. O autor fala que Isaura era uma mulher carregada de silêncios e ausências, que queria descobrir como é ser verdadeiramente amada. Mas ela acaba sim descobrindo o que de fato é a manifestação do amor. Conhecemos também Antonino, um homem homossexual, que é apelidado pejorativamente de “homem maricas” e, por isso, sempre foi rechaçado pela cidade e também pela mãe. Um homem que todos da vila desejavam a morte e que, segundo sua mãe: “como não tinha pai, não tinha valentia”, crescendo em torno do preconceito, do desprezo e a negação de si próprio. E, assim como Isaura, Antonino, não sabia nada sobre o amor. Essas histórias se encontram, todos com seus fardos e em busca da felicidade. Crisóstomo, com sua vontade de tornar-se pai, acaba encontrando uma família que se une não pelo sangue, mas por laços fraternos. E o autor fala sobre isso no seguinte trecho: “Perteciam-se e comunicavam entre si pela intensidade dos sentimentos. Tinham inventado uma família”. Por fim, a pergunta que me fiz sobre o porquê do nome escolhido, por que filho de mil homens? e o autor responde: “Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo”, o que mostra a nossa dificuldade em enxergar o próximo também como um irmão e que nunca estamos sozinhos, a nossa incapacidade de cuidar do outro. O autor continua: “Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós” e é por isso que somos filhos de mil homens e mil mulheres, somos os frutos da nossa sociedade e de nossos antepassados. Mas acredito que a frase que mais que marcou, foi quando Crisóstomo disse para Camilo que ele “nunca limitasse o amor, nunca por preconceito algum limitasse o amor”. Em que apesar da sociedade machista e preconceituosa em que viviam, ainda era possível notar a presença de pessoas a frente de seu tempo, lembrando a nossa realidade atual, que infelizmente é carregada de preconceitos e julgamentos para com o próximo.


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